(Agência Brasil)
A baixa representação das mulheres na política
agrava a desigualdade de gênero no Brasil. A avaliação consta do Relatório de
Desenvolvimento Humano de 2014, divulgado hoje (24) pelo Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Além
de apresentar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 2013, com 187 países
pesquisados, o Pnud divulgou o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) para 149
países. O indicador é elaborado com base em cinco dados: taxa de mortalidade
materna, taxa de fertilidade na adolescência, proporção de mulheres no
parlamento nacional, percentual de mulheres e homens com educação secundária e
a taxa de participação de mulheres e homens no mercado de trabalho.
De
acordo com o Pnud, o Brasil ficou em 85º lugar no IDG, com nota 0,441. O
indicador varia de 0 a 1, com o valor mínimo atribuído a sociedades com menos
disparidades entre homens e mulheres. A Eslovênia, no Leste Europeu, foi
considerado o país com menor desigualdade de gênero, com IDG de apenas 0,021,
seguida por Suíça (0,030) e Alemanha (0,046). As últimas posições ficaram com
Afeganistão (0,705), Chade (0,707) e Iêmen (0,733).
No
caso do Brasil, a taxa de mortalidade materna é de 56 mulheres a cada 100 mil
nascidos vivos; e a taxa de fertilidade na adolescência, de 70,8 mulheres a
cada mil mulheres entre 15 e 19 anos. Na educação, existem progressos, com as
mulheres se qualificando um pouco mais que os homens. A parcela da população
adulta com educação secundária é 51,9% entre as mulheres e 49% entre os homens.
Outros
parâmetros, no entanto, apontam desafios. Em relação ao mercado de trabalho,
continua a existir uma diferença considerável entre os sexos, com 59,5% das
mulheres de mais de 15 anos trabalhando, contra 80,9% dos homens. A maior
lacuna, no entanto, está na representação política. No Brasil, atualmente
apenas 9,6% dos assentos no Congresso Nacional são ocupados por mulheres.
“Apesar
de o Brasil ter uma presidenta mulher, esse movimento não se estendeu para as
outras esferas do sistema político”, destacou a coordenadora do Atlas de
Desenvolvimento Humano no Brasil, Andréa Bolzon. “Os outros indicadores estão
próximos da média da América Latina, mas, no caso da representação política, o
Brasil está muito atrás.”
De
acordo com o relatório, na América Latina e no Caribe, a taxa de mortalidade
materna corresponde a 74 mulheres a cada 100 mil nascidos vivos, e a taxa de
fertilidade na adolescência é de 68,3 mulheres a cada mil mulheres entre 15 e
19 anos. A proporção de adultos com ensino secundário totaliza 53,3% para mulheres
e 53,9% para homens, e a participação no mercado de trabalho equivale a 53,7%
para mulheres e a 79,8% para homens. A representação das mulheres na política
está em 21,1% no continente.
O
relatório revelou discrepâncias entre em relação aos membros do Brics, grupo
das principais economias emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul). Na África do Sul, a taxa de mortalidade materna chega a 300 mulheres para
cada 100 mil nascidos vivos. A China registra níveis baixos de fertilidade na
adolescência, com apenas 8,6 mães de 15 a 19 anos a cada mil nascimentos e o
melhor IDG do grupo, na 37ª posição. Na Rússia, a taxa de mortalidade materna é
a menor do bloco, com 34 óbitos a cada 100 mil nascimentos. A Índia não teve o
Índice de Desigualdade de Gênero calculado.
Além
do IDG, o Pnud divulgou uma versão do IDH diferenciada por homens e mulheres
para 148 países. O Brasil, no entanto, não teve o IDH ajustado por sexo
calculado por falta de dados internacionais disponíveis.
Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
Edição: Luana Lourenço
Edição: Luana Lourenço
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