Assembleia entrega Medalha Dom José Vicente Távora de Direitos Humanos a Almir Santana
Foto: César de Oliveira, da Agência Alese
Parlamentares, familiares, amigos e colegas prestigiaram a sessão especial, que contou também com a presença da secretária de Estado da Saúde, Joélia Silva, e o ex-governador Albano Franco, entre outras personalidades. A deputada Ana Lúcia, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, fez a saudação ao homenageado e destacou que a Casa precisava reconhecer as pessoas que lutam pelos direitos humanos.
Segundo ela, o nome o médico Almir Santana foi uma escolha unânime entre seus colegas. Em seu discurso, a deputada relembrou a trajetória desse profissional abnegado, na luta por buscar a dignidade dessas pessoas marginalizadas, que sofrem preconceito. “Porque é difícil um médico, clínico geral dedicar quase metade de seus 60 anos de vida a uma causa. Mais que isso, um médico que se dedicou a pessoas que pouco as pessoas se lembram”, destacou.
Na sua fala, a deputada Ana Lúcia destacou vários pontos da trajetória de Almir Santana. Muitos desses episódios marcados pelo preconceito contra ele mesmo, por defender e atender pessoas com Aids. Um desses exemplo o fechamento do seu consultório. “Preconceito e desinformação, mas que o encorajaram e tomasse essa luta como incansável”.
Agradecimento
Em seu discurso, o médico Almir Santana agradeceu o reconhecimento e destacou que direitos humanos é uma longa estrada. Apesar de destacar que a deputada já tinha falado muito de sua trajetória, ele lembrou que tudo começou com um paciente com HIV que veio de outro estado para um município do interior e o desconhecimento da doença era tanto que até a cadeira que ele sentou no posto de saúde foi queimada. “Ele morreu de tuberculose e não conseguimos internar. Depois veio o segundo paciente, em Itabaiana, e aí começamos uma briga forte”, revelou.
Vinte e cinco anos depois, Almir Santana contou que a sensação, ainda, não é a de dever cumprido. “Dever cumprido parcialmente, porque ainda tenho muitos desafios a encarar. O preconceito diminuiu, a rejeição diminuiu, não é tão cruel como antigamente, mas ainda temos alguns desafios”, frisou.
A presidente da Assembleia, deputada Angélica Guimarães, fez uma saudação especial a Almir Santana, a quem chamou de seu eterno professor. “Uma pessoa que abdicou de tudo para cuidar das pessoas que vivem com Aids e merece não só essa, mas todas as honras possíveis, porque dedica sua vida por amor ao próximo. Parabéns e que Deus lhe abençoe e possa continuar nessa trajetória de vida e ter sempre o reconhecimento da sociedade”, afirmou.
O médico Almir Santana tem 60 anos. Natural de Aracaju, formou-se pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 1981 e tem especialização em Saúde Pública. Desde o ano de 1987 coordena o Programa Estadual DST/Aids, além de ser professor de Biologia. No seu histórico de luta contra a Aids, Almir Santana foi o primeiro médico em Sergipe a atender paciente com HIV/Aids, há 25 anos. Trabalho que foi reconhecido pelo Ministério da Saúde para fazer parte da história da doença no Brasil.
Ele também foi o criador das primeiras campanhas regionalizadas no Brasil contra a Aids. O “Camisildo” único e conhecido carro em forma de preservativo masculino foi uma das criações do médico Almir Santana, instrumento para tornar as campanhas de prevenção mais acessíveis a todos os públicos. A prevenção e o respeito aos direitos humanos das pessoas que vivem com o HIV/Aids são as grandes lutas deste médico humanista.
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