O IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta
sexta-feira (15), os dados da Estadic (Pesquisa de Informações Básicas
Estaduais). O perfil mostra que 43% dos 27 Estados do país tinham
centros de referência no atendimento exclusivo a mulheres vítimas de
discriminação e violência em 2012. Os 13 centros estaduais estão, em sua
maioria, na região Norte (71,4%) e dão apoio psicológico e orientações
sociais e jurídicas para as mulheres.
Segundo o estudo, as políticas públicas têm concentrado seus
trabalhos nas delegacias especializadas, que estão presentes em todos os
Estados brasileiros, e não nos centros de atendimento, apesar das
perspectivas abrangentes destes locais.
A implantação de estruturas de atendimento exclusivo às mulheres
vítimas de violência tem sido considerada fundamental para o
fortalecimento e a ampliação da rede de atendimento. O Estadic 2012
levantou que 15 dos 27 Estados do país têm casas-abrigo, instituídas
pela Lei Maria da Penha, mantidas exclusivamente pelo governo estadual.
Grande parte dessas instituições está na região Norte (86%, ou seis dos
sete Estados). Na região Sul, não há casas-abrigo. Por serem locais de
proteção às mulheres em situação de violência e sob risco de morte, esse
tipo de abrigo tem o endereço mantido em sigilo pelos Estados.
O levantamento traz ainda informações sobre as estruturas que compõem
a rede de enfrentamento da violência contra a mulher. Dados sobre a
gestão da política estadual de gênero mostram que nove (33%) Estados
brasileiros têm secretarias exclusivas para tratar deste tema --Acre,
Amapá, Maranhão, Sergipe, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Distrito Federal. Em 37% dos Estados brasileiros, o setor de
gênero é subordinado a outro e, em 18,5% dos casos, a secretaria está
com conjunto com outra. São Paulo é a única unidade federal a não ter um
setor responsável pela questão.
"Não ter um órgão exclusivamente para gerir a política não significa
que o assunto não seja tratado pelo governo, que pode cuidar disso em
outras áreas. A questão do gênero, em São Paulo, pode estar ligada a
políticas de direitos humanos, por exemplo", explica a gerente de
Pesquisa e Informações Básicas e Estaduais do IBGE, Vânia Maria Pacheco.
A Estadic verificou também que as informações sobre o caráter da
violência e o levantamento quantitativo de mulheres em situação de risco
são coletadas em apenas 18 dos 27 Estados (66,6%). O menor percentual
de cobertura é na Região Sudeste (50%) e o maior no Centro-Oeste, onde
todos os Estados realizam esse levantamento. Os órgãos responsáveis por
levantar esse material são, em 38,9% das vezes, as Secretarias da Mulher
nos Estados. Em 38,9% dos casos, a responsabilidade é das Secretarias
de Segurança Pública e, em 22%, a tarefa fica a cargo de outros órgãos.
Anúncio presidencial
No Dia Internacional da Mulher (8 de março), a presidente Dilma
Rousseff anunciou, em rede nacional, que o governo federal vai instalar
Centros de Atendimento Integral à Mulher em todos os Estados do país,
para combater a violência doméstica e oferecer capacitação para
empreendedoras. Ela disse que a intenção é lutar contra "crimes
monstruosos, como tráfico de mulheres e violência".
"A violência doméstica tem de ser varrida dos nossos lares e do nosso
território. Já temos instrumentos poderosos para isso, como a Lei Maria
da Penha, que é uma das melhores do mundo. É preciso agora maior
compromisso e participação de todos nós", declarou.
Censo
Dados divulgados pelo IBGE, no ano passado, mostram que, em 2011,
foram denunciados quase 75 mil casos de violência contra a mulher, seja
física (61,3%), psicológica (24%) ou moral (10,9%) na Central de
Atendimento à Mulher (Ligue 180). Na maioria dos relatos (74,6%), o
agressor era o companheiro, cônjuge ou namorado da vítima, seguido por
ocorrências envolvendo ex-namorado ou ex-marido (16,3%). Em 66,1% dos
casos registrados na Central, os filhos da vítima presenciavam a
violência sofrida pela mãe. Mais de 42 mil mulheres com filhos
denunciaram algum tipo de agressão, em 2011.
Plano Estadual de Gênero
Dos 26 Estados com secretaria de política de gênero, apenas Roraima,
Sergipe, Santa Catarina e Mato Grosso (14,8%) não possuem orçamento
próprio para a formulação, coordenação e implantação de políticas para
as mulheres.
A maioria dos órgãos (24 Estados ou 88,8%) executa políticas públicas
que promovam a igualdade de gênero. Apenas Santa Catarina e Mato Grosso
do Sul não atuam neste quesito. Quando se trata de violência contra as
mulheres, os órgãos gestores de Rondônia, Sergipe, Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte e Paraíba não atuam em políticas de combate.
De acordo com o Estadic, dos 26 Estados que possuem secretarias de
gestão da política de gênero, apenas dez (Amazonas, Pará, Amapá,
Maranhão, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e
Goiás) possuíam Plano Estadual de Políticas para as Mulheres.
As unidades federais pioneiras no lançamento do plano foram
Pernambuco e Goiás, em 2007, no ano seguinte à promulgação da Lei Maria
da Penha.
Entre os dez Estados que possuem plano, em somente em cinco deles
(Amazonas, Amapá, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Goiás) o comitê de
acompanhamento conta com a participação de outras secretarias mais a
sociedade civil, além do órgão gestor.
O IBGE fez, pela primeira vez, um levantamento das gestões públicas
estaduais, investigando as 27 unidades da federação (26 Estados mais o
Distrito Federal). A Estadic coletou dados relativos a 2012, sobre
algumas políticas setoriais dos governos dos Estados.
Fonte: UOL
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